Mario Basentini: “Os concursos EVI são válidos, vamos em frente”

Após meses marcados por tensões institucionais, debates jurídicos e discussões acaloradas entre os órgãos do consórcio, o presidente da EVI, Mario Basentini, optou por quebrar o silêncio. Ele o faz com uma entrevista franca e detalhada, na qual aborda todos os temas polêmicos que animaram o debate público no último ano e meio. De concursos públicos questionados por pareceres jurídicos conflitantes, à disputa com o CISI, passando pelas recentes contratações sazonais e as obras de infraestrutura mais urgentes da ilha, como o oleoduto Sant'Angelo e o curso de Lacco Ameno. Um espaço de discussão e esclarecimento, mas também um olhar sobre o futuro político e administrativo de um território complexo e delicado como Ísquia.
Bem-vindos, presidente da EVI, Mario Basentini. É um pouco como Giorgia Meloni sendo entrevistada pelo Repubblica, pelo menos neste último ano e meio. E reconhecemos, digamos entre aspas, a coragem de compartilhar este momento também com um jornal que sempre assumiu posições muito claras. Vamos direto ao ponto, ou talvez rebobinemos a fita: entre o CISI e a nova presidência, especialmente após a mudança do representante de Serrara Fontana, e a EVI, parece que se trava uma batalha com opiniões pro veritate. O advogado Maffettone argumentou que os concursos da EVI não são válidos. O senhor respondeu com outra opinião, pro veritate, assinada pelo advogado Laudadio. Parece um match entre Sinner e Alcaraz, ou talvez outro...? Não, não exageremos. Antes de mais nada, obrigado pelo convite: é sempre um prazer falar com você, diretor, com quem temos uma longa amizade. Além das posições que você expressou legitimamente, mesmo críticas, mas sempre construtivas, para mim sempre foi agradável discutir. Agradeço a oportunidade. Sobre o suposto conflito, mesmo esta manhã lendo os jornais, vejo histórias de guerras que sinceramente não vejo. As relações pessoais são excelentes, tanto com os prefeitos quanto com a advogada Lucia Rosa, Rossella, Buono, com quem nos reunimos recentemente para uma longa e frutífera discussão. Sobre os concursos, é verdade que há avaliações diferentes, mas, da nossa parte, não há dúvidas sobre a validade dos procedimentos adotados. Os editais foram enviados ao CISI e aos prefeitos muito antes de sua publicação, que ocorreu em fevereiro. Pareceu um pouco estranho que as dúvidas só surgissem depois de 3 a 4 meses. De qualquer forma, contamos com uma empresa externa, fizemos nossas avaliações como órgão administrativo e pedimos ao Professor Laudadio para um parecer. Na terça-feira, 10 de junho, a Assembleia deliberou uma direção clara: se os procedimentos estiverem corretos, podemos avançar. Portanto, acredito que tudo acabará bem.
Pergunta espontânea: quem paga Maffettone? E quem paga Laudadio? “Maffettone foi nomeado pelo CISI. Ele também acompanhou a disputa com a EVI, objeto da conhecida decisão do Conselho de Estado sobre a qual você também falou. Podemos voltar a esse assunto, se quiser.”
No entanto, para quem ouve, pode parecer uma situação paradoxal: como uma criança que processa seu pai, e o pai paga os advogados de ambos. Ainda que seja legítimo que um Conselho de Administração ou uma presidência tenha o dever de defender suas ações, "Se se referem aos editais de concorrência, é claro que, diante das dúvidas levantadas diversas vezes pelo único liquidante, nós, que não tínhamos dúvidas, consideramos oportuno solicitar o parecer do Professor Laudadio. Ele foi impecável, do ponto de vista profissional. O objetivo era obter uma confirmação externa da qualidade do nosso trabalho. Quanto à disputa entre a CISI e a EVI sobre as quotas do consórcio, é uma disputa que surgiu perante o atual Conselho de Administração e já estava perante o TAR. Após o TAR ter decidido contra a EVI, tivemos que recorrer ao Conselho de Estado. Antes disso, porém, também havíamos apresentado uma proposta de acordo por escrito via PEC, toda documentável. Agora, a decisão do Conselho de Estado abriu novos cenários: entramos no mérito. Veremos como abordar a questão, sentados à mesa com os prefeitos e com o liquidante Buono".
O senhor anunciou a suspensão dos concursos, também pendentes do Conselho de Administração e da Assembleia do CISI. No entanto, há rumores de que houve um problema com a Comissão. “É verdade. Ontem de manhã, recebemos a renúncia do Dr. Michele Scognamiglio, membro da Comissão, por motivos pessoais. Já convoquei o Conselho de Administração para terça-feira, dia 17, às 11: entre os itens da pauta estarão o orçamento de 2024 e o procedimento competitivo, incluindo a integração da Comissão. A suspensão se deve exclusivamente a essa deserção. Todo o resto continua: já havíamos iniciado o agendamento dos testes para os trabalhadores e, em seguida, o para técnicos e vendedores. Estamos aguardando a oficialização da resolução da Assembleia, mas, tendo já obtido avanços, estamos prontos para prosseguir na próxima terça-feira”.
80 candidatos para o concurso de trabalhadores: um número interessante. Talvez a realização de concursos sérios traga participação. "Com certeza. No total, recebemos 313 inscrições para todos os editais. Um número significativo, que demonstra a grande demanda por trabalho. Quando falamos de contratos permanentes com 14 meses de salário, não é uma oportunidade que surge todos os dias na ilha. Iniciar os concursos era uma das nossas prioridades e, apesar das dificuldades, estamos tendo sucesso."
Não tivemos dúvidas sobre a lisura das competições, mas pedimos um parecer externo por respeito e transparência
Dos 313 candidatos, quantos são moradores da ilha? "A grande maioria, com certeza. Não tenho os números exatos aqui, mas posso afirmar com certeza que a maioria dos candidatos são moradores da ilha."
O outro tema quente é a contratação: os famosos trabalhadores temporários, agora sazonais. Nem tudo está claro. “Obrigado pela pergunta, vou tentar esclarecer. Até dezembro-janeiro de 2024/2025, com base em pareceres jurídicos, era possível prorrogar os contratos de fornecimento até 30 de junho de 2025. Mas, no início do ano, foi introduzida uma nova regulamentação, seguida de uma circular explicativa do Ministério do Trabalho em 27 de março. De fato, não era mais possível prorrogar os contratos antigos. Um novo parecer jurídico confirmou essa interpretação, e a Assembleia do CISI nos instruiu a não prosseguir com a prorrogação. Iniciamos, portanto, um novo processo seletivo, do qual participaram quatro empresas. Escolhemos a oferta economicamente mais vantajosa e identificamos os perfis de interesse. A empresa elaborou um ranking, que foi anotado pelo Conselho de Administração. Os contratos são sazonais, com vencimento em 30 de junho, prorrogáveis até 30 de outubro. Eles foram necessários para garantir a continuidade enquanto aguardamos a conclusão dos concursos”.
Os que ficaram de fora recorreram? “Sim, recebemos três recursos dos doze administrados. Seis foram contratados, três não foram e três não recorreram. É compreensível: se alguém acredita que seu direito foi violado, é legítimo que recorra à justiça. Aí, é claro, nos defenderemos.”
Vamos falar de obras públicas: Sant'Angelo. Após polêmicas e conflitos, as obras finalmente estão sendo concluídas. “Obrigado pela sua pergunta. A tubulação de Sant'Angelo era prioridade absoluta. Os prefeitos nos pediram para intervir desde que assumiram o cargo. Havia vazamentos em vários locais, que vinham causando vazamentos de esgoto há anos. Assumimos o cargo em fevereiro e, após várias reuniões com a Prefeitura de Serrara Fontana, nos comprometemos a iniciar as obras em até 100 dias. O projeto está dividido em três fases: uma já concluída, uma em andamento e a última após San Michele, entre setembro e outubro. Houve dificuldades técnicas, também relacionadas à proteção de Posidonia, mas respeitamos as restrições e contratamos a obra. Sempre houve uma relação cordial com a prefeita Irene Iacono e a ex-vice-prefeita Rosario Caruso. Contestamos a portaria municipal com relutância, apenas para proteger o Conselho de Administração. A obra era obrigatória, com base em uma resolução do CISI, e hoje está em andamento conforme o planejado.”
A outra intervenção: Corso di Lacco Ameno. Uma obra importante, mal sucedida, mas crucial. “Sim, no verão passado já enfrentamos uma emergência devido ao vazamento de esgoto no Corso Angelo Rizzoli. O engenheiro Franco Trani interveio prontamente. Agora estamos em uma nova fase de trabalho, também graças ao papel de órgão implementador da reconstrução pós-emergência. O projeto inicial não foi seguido pela EVI, mas pela Prefeitura. Hoje, estamos tentando resolver um problema ancestral com técnicas modernas. E estamos conseguindo.”
Costuma-se dizer que sua posição como presidente está em jogo. Há alguma verdade nisso? “Faz parte do jogo. É normal que haja opiniões divergentes. Depois de um ano e meio, é justo que os membros questionem a eficácia do órgão administrativo e do presidente. Também estou fazendo avaliações. Nunca percebi sinais concretos de desconfiança. O relacionamento com os prefeitos é excelente. É claro que fui nomeado pela política e entendo a dinâmica. Mas hoje não vejo motivos reais para pensar em substituições. Veremos o que acontece nas próximas semanas.”
Olhando para o futuro: Gianluca Trani, presidente do Conselho Municipal de Ischia, parece ser uma figura-chave para 2027. “Com Gianluca existe uma relação de amizade autêntica, fora da política. Algo raro. Há certamente a vontade de se colocar a serviço do país e do projeto político-administrativo. Sua liderança, mesmo silenciosa, é evidente. Mas ainda faltam dois anos: precisamos ser prudentes e, por que não, até um pouco supersticiosos.”
Sim, tenha cuidado.
Il Dispari